O desafio é imenso. Só não supera as promessas. De todas as fontes de biocombustíveis, nenhuma oferece produtividade tão grande. Das plantas superiores - com raiz, tronco e folhas -, a melhor opção para produção de óleo - e, depois, biodiesel - é o dendê: cada hectare produz 4,4 mil litros por ano. Algumas microalgas produzem até 90 mil litros em idêntica área e no mesmo período: ou seja, quase 20 vezes mais.
A disparidade tem uma explicação simples. Só as sementes do dendê - uma pequena parcela da planta - contêm óleo. E, mesmo assim, apenas 22% do volume das sementes pode ser aproveitado. Já as microalgas funcionam como minúsculos reservatórios de lipídeos, matéria-prima do combustível. Em algumas espécies, o aproveitamento chega a 90% da biomassa produzida.
E as vantagens não terminam aí. Há microalgas que apreciam águas salobras ou águas com resíduos - o esgoto é rico em fosfatos e nitratos, que servem como nutrientes. O uso de tais microrganismos aliviaria a demanda por água doce e limpa, que costuma ser alta em culturas convencionais para produção de biocombustíveis, como soja e cana-de-açúcar.
Não ocorreriam flutuações significativas de safra, pois as microalgas são menos sensíveis a geadas, estações do ano, ao sol e à chuva. Além disso, regiões como o semiárido brasileiro poderiam encontrar sua vocação econômica com fazendas de microalgas. Não haveria desperdício de solo - pouco produtivo na região - e haveria luz de sobra para a fotossíntese das algas. O lençol freático de água salobra forneceria o meio de cultivo.
Por fim, as microalgas são ótimos fixadores de carbono contribuindo para atenuar o aquecimento global. Não é a toa que notáveis como Craig Venter e Bill Gates decidiram investiram fortunas naquilo que julgam ser o combustível do futuro.